"Uma calma serena toma conta deste dia, e entre figuras e palavras de ordem que tentam ter mais significado do que realmente têm, numa busca de afirmação, destaque, e de chamar a atenção, dou por mim a observar pequenos momentos sem ver realmente o que tenho à frente, pois não consigo, porque recusas em deixar-nos ver-te.
As roupas caiem-te pelo corpo franzino e o pouco que mostras é delicado e sensível, como se tudo se resumisse na maneira como as tuas mãos cortam o ar e como os teus dedos finos dançam no meio dele, sem que nada consiga quebrar tal concentração de paz interior. Nestes minutos e segundos, consegues ser realmente tu.
Existem alturas em que deixas de ser visível, em que tudo em redor é consumido pelo sorriso que te sobressai da face, em que a cada passo tudo parece tão leve como se o chão que pisas fosse feito de nuvens.
Quando perguntas se te viram, ninguém se lembra de ti. Quando queres saber uma indicação, ninguém ouve a tua voz porque não emanas nenhum som da tua boca, mas sim suspiros e pequenos ruídos imperceptíveis. Quando bebes água ela passa por ti como se fosses um corpo repleto de pequenos buracos onde podemos espreitar e ver várias grades no interior do mesmo. Quando paras… ninguém pára. Quando andas… ninguém anda.
Folheio mais umas páginas do teu livro, à procura de ti, do que te faz ser tu, e do que isso significa para mim, mas em vão. Alguém decidiu arrancar as folhas do meio e todos nós andamos à deriva desde aí, numa busca infrutífera.
Já tinha dito vezes sem conta que desta vez é que era, e que não iria mais confundir-te com as minhas próprias noções de realidade e da imagem que fiz de ti, mas não consigo evitar porque a narrativa até então era absorvente. As palavras bebiam-se de um só golo, as frases passavam a fazer parte do nosso dia-a-dia e aqueles pedaços de papel eram como panos que limpavam toda a poeira das nossas vidas.
De máquina na mão, tiro fotos com a lente virada para dentro de mim, para que me possas ver um pouco melhor, numa tentativa de te fazer sair cá para fora e enganar-me mais uns instantes.
Dava tudo para saber o que te passa pela cabeça enquanto caminhas, tão dentro de ti, e para que não fosses uma máscara e uma personagem de um conto irreal que decidi amar com todas as minhas forças. Sério, dava mesmo tudo para encontrar as páginas que me faltam…, e para saber o que significa ser 'eu'."
Brincadeira a três: 1º surgiu a foto da Soya , posteriormente surgiu o texto de Nuno Almeida e por fim, baseado em ambos, a ilustração. :) **Boomp3.com
16 comentários:
São dois sapatos de pé direito? Faz-me me lembrar... eu. Nunca joguei bem futebol mas sempre gostei de o fazer: era sempre dos últimos a ser escolhidos... Chegaram mesmo a tentar atirar-me com a alcunha de «dois pés esquerdos», mas a coisa não pegou (não devo ser assim tão mau!).
:).. as crianças conseguem ser tramadas! :D
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Andam armados em artistas 'estes'. :p
Veremos se no futuro irão haver mais assim, mas por agora gostei mesmo do resultado desta colaboração entre todas(os). :)
Sim, veremos... :)
Também gostei do resultado final. :)
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:)
AAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!
Está tão Giro!!!
Não estava nada á espera de ver isto por aqui, pelo menos não tão cedo!!
Corei e tudo!!:)
Ficou muito, mas muito giro!!
O texto está delicioso e a ilustra também!!!
ESTOU TÃOOOOOOOOOO CONTENTEEEE!!
O pormenor do sapatinho está delicioso!!!
carissima, estás viva :)
olá olá.
como é que raio o feerreader só me avisou agora do teu post se já tens comentários desde a 1:39h é que me espanta.
lindo o desenho adorei e não é que está parecido com a menina debaixo?
bjinhos
Olá Dina!
Sim estou vivinha da silva! :)
Cansada, mas viva! :)
Obrigada pelo comentário!
Já passo no teu blog!
Beijos!
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Bonita colaboração. Gosto da maneira como se complementam todos os elementos. Ainda que cada um deles é válido por si só, a leitura do conjunto é muito mais rica e tem uma força que nenhum deles consegue sozinho.
Parabéns e que continuem as brincadeiras a três, a cinco ou quantos quiserem! ;)
Olá 7te!
Obrigada! Ainda bem que te agrada.
A nós também nos agradou fazê-lo.
E sim, tens muita razão, todas as partes juntas ganham muito mais sentido e força.
:)
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gostei muito deste espaço aqui:)
vim e hei-de voltar, entretanto vou adicionar-te às casinhas do meu bairro, pode ser?
;)
Hehe lili, gostei particularmente desta: é poética no entanto não deixa de ser simplesmente directa. (ps: continua!)
Bem, esta ilustração está mesmo espectacular! Adorei!!!
Obrigada. :)
A ilustração funciona melhor com a ajuda da foto e do texto que lhe acompanha. :)
Foi um trabalho conjunto que deu lugar a este mix de palavras e imagens engraçado. :)
E a menina da foto/ilustração, também se chama Ana. :)
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Logo vi. Por isso é que gostei! As Anas são sempre tão boas pessoas que até mete impressão
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