quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Perfeita


Tentamos encontrar a perfeição em frente ao espelho, aquele espelho que a sociedade oferece às mães, assim que os filhos as ensurdecem com o seu primeiro grito. 
Crescemos e há uma vaidade que cresce connosco, empurrando-nos para a ação, obrigando-nos a atravessar espaços cada vez mais limitados. 
Não autorizamos o reflexo de cicatrizes, não destapamos o que todos dizem ser o que verdadeiramente importa... ao invés disso, embaciamos as feridas, impomos o nosso melhor lado e oxidamos os mais ínfimos defeitos. 
Temos medo. Sim. Temos medo do que nos parece diferente, sentimos vergonha da pobreza e enojamo-nos com a doença até que a mesma nos bata à porta. 
Mas quem seríamos afinal, se não existisse o medo? 
Mostrar-nos-íamos assim, perfeitamente idiotas? **

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